Acertar a quantidade de água e a temperatura no meio do mato não é fácil e se a hidratação da refeição não ocorre corretamente, o organismo será forçado a equilibrar roubando do próprio corpo a água a ser utilizada.
Lembrei da frase de um amigo naturapeuta sobre quais são os melhores alimentos a consumir e o mesmo me jogou que "aquilo que está ao ser redor já é suficiente". Então, para que inventar com produtos importados ou industrializados se poderia transportar e consumir alimentos que meus ancestrais utilizavam.
Busquei na nossa história pessoas que precisavam se deslocar em grandes distâncias e quais alimentos carregavam e cheguei nos tropeiros.
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Esses homens influenciaram enormemente os hábitos e a economia do Sul, Sudeste e Centro-Oeste na época do Brasil Colônia e Império e sua culinária resiste até hoje.
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Existe um projeto para que eles sejam reconhecidos como Patrimônio Imaterial pelo Iphan e até Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
A atividade do tropeirismo surgiu principalmente, porque todos os homens-livres e escravos eram empregados especificamente nas minas, então, alguém precisava levar comida, vestuário e utensílios até eles. No Sudeste, a Estrada Real é um legado dessa época.
mais sobre a Estrada Real acesse esse link: http://migre.me/e5Mk8 |
Os tropeiros carregavam para suas refeições principalmente: feijão, toucinho, fubá, farinha de mandioca, carne salgada ou seca, café, pimenta-do-reino e coité (um molho de vinagre com fruto caústico espremido). Daí surge um prato regional chamado Feijão Tropeiro.
A comida tropeira era, por si só, simples, prática e de muita “sustança’’, como os próprios tropeiros a definiam. O básico que o tropeiro levava para comer no caminho era o feijão, o arroz, a carne-seca e o toucinho. Depois vinham os acompanhamentos, como as farinhas de milho e de mandioca, o sal, o alho, o açúcar e o pó-de-café.Esse prato vai constar no meu próximo trekking, porém, para não perder tempo e recursos cozinhando vou utilizar os feijões em caixinha pronto e temperado que já apresentei aqui no blog e das farofas prontas, o toucinho e algumas folhas de couve também me acompanharão, assim como o inseparável arroz.
Logo de madrugada, o cozinheiro, que sempre era jovem, acordava e colocava o feijão para cozinhar, em um trempe “tripé” (arco de ferro com três pés, e sob o qual se coloca a panela ao fogo), enquanto os outros arreavam a tropa e colocavam a carga nos animais. Depois do feijão cozido, fazia-se o café, e, numa panela, fritava-se o toucinho, preparando um feijão tropeiro bem gordo, completando com a farinha de milho. Tomava-se o café com este feijão. O resto do feijão cozido, sem tempero, era colocado num caldeirão e levado no saco para o almoço no caminho. Depois de pelo menos 4 léguas (mais ou menos 24 Km), os tropeiros paravam num rancho e o cozinheiro ia preparar o almoço.
Fritava o torresmo numa panela, tirando o excesso de gordura, e só então colocava o feijão já cozido, os temperos e a farinha de milho, fazendo novamente o feijão tropeiro. Alguns tropeiros mais abastados tinham a carne-seca e a lingüiça que eram acrescidas ao feijão. Na seqüência, preparava-se o arroz tropeiro, fritando torresmo em pedaços, escorrendo o excesso de gordura e depois colocando o arroz para cozinhar.
Esse era o almoço e o jantar do tropeiro. Um outro fato curioso era o preparo do café, que era bebido logo após as refeições.
O tropeiro colocava o pó-de-café e o açúcar numa água já quente. Quando essa mistura fervia, para decantar o pó, o tropeiro colocava três carvões dentro da água, ou então uma pedra, que era esquentados no próprio fogo.
Após todo esse procedimento, virava o café noutra vasilha e distribuíam para os membros da tropa.
Fonte: Sabores do Tempo dos Tropeiros – Caderno de Receitas
fontes:
http://www.tropeirosdasgerais.com.br/historia.htm
http://www.uesc.br/revistas/culturaeturismo/edicao3/artigo2.pdf
http://site.er.org.br//index.php/home/index
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_das_Tropas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropeiro
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao41/materia06/