Sempre depende da onde ir, mas focando em um passeio na Mata Atlântica, uma floresta úmida, vegetação densa, com pouca luminosidade, em aclives e declives, com biodiversidade riquíssima, e muito mais informação aqui.
Praia Martim de Sá - Parati-Mirim /RJ Exemplo de Mata Atlântica |
Calça comprida. O mais prudente para caminhadas em mata fechada é a calça comprida, porque tem capim que corta, galho baixo que machuca, pode-se escorregar e cair na lama ou em pedra, mas se a trilha for aberta, larga e sem obstáculos use bermudas se for de sua preferência. Pode usar até o jeans velho, mas tem que permitir movimentos amplos, já que você precisará subir e descer montanhas. Tem que ser resistente, alguns praticantes do buschcraft gostam de usar as calças com camuflagem militar. Algumas tem um tecido que usam uma tecnologia chamada Rip Stop que impedem que o rasgo se estenda pela calça, é fácil de reconhecer pois ele é quadriculado, outras calças também possuem essa tecnologia, vale a pena ter uma dessas.
As boas e usadas calças cargos de sarja ou outro tecido, as calças bailarinas de algodão com fibras de poliéster misturadas com outro tecido também são boas opções, mas ao se molharem roubam nosso calor e demoram para secar (e quando se está na mata, isso não é muito vantajoso).
Atualmente uso uma calça da Mizuno que é 100% Poliéster, mas não tenho o que comentar porque ela nunca passou por grandes dificuldades, no curso de sobrevivência usei meu jeans mais velho que voltou podre de sujo, mas sem nenhum rasgo.
Lembre-se que você estará num ambiente que tem terra, às vezes seca, outras molhada, então, você vai se sujar. Não escolha tecidos que mancham com facilidade ou que sejam difíceis para lavar.
Calças compridas específicas para o trekking são caras ( em torno de 130 a 300 reais), depende da marca e do tecido. A maioria tem um péssimo caimento para o corpo da brasileira, as que tem Cordura em partes específicas como joelhos e glúteos tem o caimento ainda pior e não são tão confortáveis.
Se você não tem essas calças, vá uma loja de esportes de aventura e experimente, não compre pela internet porque é difícil achar alguma calça bonita.
Aliás, fica a dica para os estilistas criarem uma coleção de roupas mais bonitas para o trekking, uma inovada no verde-oliva, marrom e bege. Dêem uma passadinha do Deserto do Atacama para capturarem os vários tons de areia, ocre que existem. Desabafei!!
Nas minhas próximas aventuras vou experimentar essas calças militares e direi se valeu a pena o investimento, mas já posso dizer que são mais baratas que as de trekking.
Os materiais são muitos, veja aqui algumas dessas tecnologias e seus objetivos. Aqui tem um texto mais conciso.
Camisa. Eu voto pelo velho algodão, mas usaria uma de manga comprida para proteção contra insetos e galhos. É sempre bom ter uma camisa extra, ficar com roupa molhada pode levar você a perder calor e sentir frio e se começar a ventar a sensação térmica será de mais frio ainda, o que pode acabar com a alegria do seu passeio.
À noite esfria, quanto mais alto, maior o frio, então, é aconselhável um agasalho. De preferência um que se separe em duas partes, uma parte interna quente e a externa que corte o vento e seja resistente à chuva, mas deixa o suor sair.
Às vezes na Mata Atlântica basta esse corta-vento para dar uma boa sensação térmica.
No linguajar da montanha essa parte externa se chama anorak (sem ziper) ou jaqueta (com zíper) e a parte interna parka.
Um detalhe evite o branco, apesar de ser mais fresco, atrai mais os insetos.
Meias. O pé é a parte mais importante numa caminhada, então, trate-os muito bem. Meias, tenha várias, não economize. Eu escolho as de algodão de cano alto, porque são baratas e depois de uma caminhada elas sempre voltam lameadas e acabam se tornando descartáveis, eu sempre troco de meia durante a caminhada para não deixar o pé úmido. Todavia o indicado é gastar um pouco mais de dinheiro e comprar meias com tecidos mais modernos que não deixam o pé ficar úmido e propensos a bolhas.
Para evitar que insetos entrem pela boca da calça vc pode usar umas polainas, ou que é mais prático, passar a meia por cima da calça, o inverso também é possível se a bota tiver um cano um pouquinho acima do tornozelo.
Botas e Tênis. Nunca sandália, sapatinho baixo ou descalça. Esse universo é extenso, muito extenso. Botas são itens muito caros. Para trilhas curtas, sem travessias de rios, charcos, de nível leve a médio uso tênis de corrida pelo conforto e pela aderência do solado, para outras situações tenho uma bota Timberland. Pesquisar em sites de militaria também pode ajudar a achar botas interessantes e com preços menores do que em lojas esportivas.
Quais as características buscar: conforto, proteção de tornozelo, resistência à água ou à prova d´água, costura reforçada, transpirável, dê preferência pela bota mais leve que encontrar.
Minha companheira surrada |
Se for pernoitar tire as botas ou tênis para o pé descansar.
E sempre amacie seus calçados antes de um trekking.
Chapéu, Bonés, Lenços: Um nome diferente para os aparatos de cabeça; cobertura.
Eu uso um boné que tem proteção UV e com material que seca rápido e deixa o suor passar, mas a minha próxima aquisição é um chapéu tipo australiano, com corda para pendurar no pescoço.
Não dá para separar mato de insetos voadores, então, se você tem "sangue doce" recomendaria um mosquiteiro para seu chapéu. Eu senti falta de um na minha última incursão à mata, em dois dias terminei com o frasco de repelente.
Além da proteção contra o sol, vai proteger seu rosto e pescoço enquanto anda pela trilha, para mim, um item indispensável.
Poncho. Para os aventureiros essa peça tem que estar na mochila. Ela tem mil e uma utilidades. Eu, por enquanto, só tenho um poncho de emergência, que não é resistente, mas que dará proteção a duas Priscilas e a mochila se for o caso. Além de proteção contra à chuva, ele pode virar um abrigo improvisado, um saco de dormir e um recolhedor de água da chuva.
Para fazer esse tipo de abrigo, é indicado que o poncho tenha uma espécie argolas nas pontas, mas não é fundamental. As estacas podem ser substituídas por pedras.
Por enquanto é disso que me lembro.
Oi Sobrevivente.
ResponderExcluirGostei muito do seu texto e das dicas. Eu pensava que vc era iniciante mas já tá comuma bagagem de respeito.
Só faltou abordar o chamado kit básico de sobrevivencia. Mas isso é pra quem gosta de ir mata adentro e passar mais de um dia.
Acrescentaria ao seu equipamento básico um canivete de qualidade, um kit impermeável pra fogo e claro as lanternas (os montanhistas sempre repetem "Anorak e lanterna com pilhas extras não saem da mochila")
Bem vinda ao Universo da trilhas, expedições e convivencia com a mata.
Luciano Assunção.
Oie, Luciano
ResponderExcluirSeja bem-vindo! Estou tentando criar um espaço que desmistifique para as mulheres a vida no mato. A mulherada pode até passar "perrengue",ou privação de certos luxos (como a chapinha), mas tem que ser com estilo.
Eu sempre fiz trilha, mas só dormi no mato quando fui para Chapada Diamantina, mas tinha um guia. E a segunda com vocês. Camping eu só fiz quando era adolescente e que tinham infra-estrutura completa.
Desde o curso estou estudando muito, acho que vou pedir um estágio para o Lugg, todas essas informações são novas para mim. A "24" ainda é café-com-leite em expedições e buschcraft. Vou dedicar um post inteiro para o kit de sobrevivÊncia, pq serve até para aquele(a)s que fazem trilha de um dia.Esteja sempre presente, dicas de pessoas mais experientes são valiosíssimas. Valeu!